27.5.12

Incomodando o homem do banco da praça

Grupo 5: Maus tratos, bons trapos – TS 8 - Noturno
O encontro (último grupo a se apresentar em 21/05/212):
Ana Carolina Candido, Érica Gibaja, Felipe Munhoz M. Fernandes, Heloisa Cardani, Isadora Biella, Pedro Paulo da Silva e Wagner Veillard.

ARTAUD, Antonin - O teatro e seu duplo. Martins Fontes. São Paulo, 1999.


A performance do Grupo 4 foi baseada no conto “Primeiro Amor”, de Samuel Beckett, e dividida em dois atos com a mesma mensagem. Contudo, um se diferenciava do outro pelo fato de o segundo ser a versão do primeiro com um narrador. A personagem principal, um homem em situação de rua, estava deitada em um banco de um local público, pensando sobre sua vida. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de uma mulher, que lhe pediu um lugar no banco, cantarolou e partiu. Antes de partir, os dois se olharam intensamente.
Para Artaud, “o teatro é encenação, muito mais do que a peça escrita e falada” (1999, p. 40). O autor faz uma forte crítica ao teatro ocidental que, para ele, é refém da linguagem falada. Acredita que o teatro é metafísico, ou seja, deve explorar todos os sentidos humanos – audição, visão, tato, olfato, paladar –, não voltar-se apenas a um único sentido. 
A cena sem narrador, ao ser apresentada primeiro, despertou no público a criatividade e abriu espaço para que aquilo que estava sendo representado tivesse diversos significados. A partir do momento que existiu um narrador, o público foi direcionado àquilo que de início foi proposto pelo autor da peça. Os pensamentos da personagem principal ficam claros quando apresentados pelo narrador na segunda cena. Caso o grupo optasse por apresentar primeiro a versão narrada, talvez a percepção do público em relação à cena “muda” fosse influenciada pela primeira. 
Apesar de Artaud apresentar em sua obra forte crítica ao teatro ocidental, o grupo acredita que a linguagem falada, muitas vezes, exerce papel fundamental no teatro, dependendo a proposta que é feita ao público. Entretanto, é pertinente a justificativa dada por Artaud para o uso do teatro metafísico, sendo que o propósito deste é “expressar aquilo que habitualmente não se expressa” (ARTAUD; 1999, p.46). Em outras palavras, a arte, assim como o teatro, é uma maneira que o homem encontrou para extravasar e utilizar-se de todos os tipos de linguagem para poder abranger da melhor maneira possível toda a complexidade humana, não bastando apenas as palavras.

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