6.5.12

Marcel Mauss – As Técnicas do Corpo - As Máscaras do Cotidiano
Grupo 4: Lancheiras
    A cena tem início com duas pessoas, um garoto e uma garota. Eles acordam, levantam-se da cama, escovam os dentes, os cabelos, e vão para a faculdade. Ele de carro, ela de metrô. Chegam na faculdade, se cumprimentam e vão para a aula. Ela presta atenção na aula, enquanto ele dorme. Dado certo horário ela o chama e ambos vão, juntos, para a “balada”.
    A partir de uma cena que poderia ter sido extraída do cotidiano de qualquer jovem adulto, o seminário tentou mostrar as diversas técnicas do corpo utilizadas pela pessoa em seu dia a dia e como essas técnicas acabam por formar as várias máscaras construídas ao longo do dia, mascaras estas que serão indispensáveis na composição do sujeito.
    Essas técnicas corporais utilizadas pelos personagens são formas de dar sentido às coisas do mundo que se afundaram em um processo histórico. Dessa forma, verificamos uma certa tendência em naturalizá-las: não refletimos mais sobre o fato de que são convenções históricas, ou seja formas de pensar e agir instituídas histórica e socialmente, a partir das quais, nos sentimos parte do todo que as segue.
    O corpo do sujeito só ganha vida a partir da inserção em um drama cósmico no qual faz uso das várias técnicas corporais para construir-se de acordo com os padrões de aceitação da sociedade.
    Quando acordam, esses sujeitos já começam a ser formados no momento em que escovam os dentes e os cabelos antes de sair de casa. No caminho da faculdade, a técnica corporal para deslocar-se em nossa sociedade fica evidente nos dois casos. Ela, para enfrentar o metrô lotado, precisa ser forte, aguentar empurrões, ao mesmo tempo em que empurra, segurar nas barras metálicas. Ele, de carro, enfrenta o trânsito e as regras estipuladas.
    Na faculdade, ambos sentam-se em cadeiras e anotam o que o professor discursa. Já na “balada”, a técnica corporal distancia-se de forma brusca a adotada na faculdade. O socialmente aceito, aqui, é a dança, a paquera e o movimento descontínuo.
    Um detalhe da cena foi o fato de ela ter sido realizada toda em silêncio, o que trouxe um certo incômodo para aqueles que assistiam. Tal incômodo pode ser atribuído ao fato de este silêncio abrir maior espaço para a reflexão das diferentes máscaras que os próprios espectadores usam em seu cotidiano e das diferentes técnicas do corpo utilizadas e que, de certa forma, já foram naturalizadas.

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