22.5.12

“Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral”, de Richard Schechner

TS2 - Grupo 07

Leandro Fagundes Coelho– N USP - 6471251
Jean Gustavo Oliveira de Moraes– N USP 5935047
Rafael D’Amico Flaborea– N USP 6518961
Ana Paula Malavazi N USP 5163738
Roberta Marcondes Costa– – N USP 5129378
Ricardo Edwards– N USP 5422789
Thais de Almeida Bessa – N USP 6471077



Relatório da peça relativa ao texto
“Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral”,
de Richard Schechner


                       
                        De forma a criar uma cena que pudesse se relacionar com a discussão relativa ao texto proposto, representamos um performnce com transe, com dois indivíduos inseridos em um ritual que fazia parte de suas tradições. Simultaneamente, havia outros dois indivíduos, que podiam ser visivelmente identificados como espectadores que buscavam imitar a performance. Além deles, havia também uma professora de antropologia que, durante a dança realizada pelos dois pares, perguntava a seus alunos qual das performances podia ser classificada como “mais autêntica”.
                        Uma indagação que pensamos ao introduzir esta pergunta na cena foi a de que, como presente na obra de Turner e Goffman, há teatro em todos os momentos da vida cotidiana. Dessa forma, a autenticidade das duas danças pode ser relativizada por vários aspectos. Primeiro, os quatro representavam uma situação, ou seja, nenhum dos quatro indivíduos, por se tratar de uma performance teatral, realizavam uma performance pertencente às tradições da sociedade da qual fazem parte.
                        Pensando os quatro como personagens da peça, dois deles eram nativos (é importante ressaltar que a cena era pretensamente ambientada no local em que eles viviam), e dois turistas estrangeiros. Ou seja, em relação a estar performando um ritual tradicional ao próprio povo, dois deles eram autênticos, e dois não. Porém, segundo Schechner, ao realizar uma performance, os nativos eram “não eles” e “não não eles”, ou seja, eles também estão representando. Precisam de alguma forma usar uma máscara e sofrer uma transformação em sua identidade, sem porém chegar a tornar-se totalmente outro indivíduo, pois não deixam de ser eles mesmos quando se tornam outros.
                        Para o autor, esta é uma situação na qual existem “eus múltiplos coexistindo em uma tensão dialética não resolvida”. Ele cita Brecht para deixar claro que a performance não corresponde a uma transformação completa.
                        Pensamos esta cena coo uma analogia à situação narrada pelo autor, na qual Anselmo Valencia, líder ritual dos yaquis de Nova Pascua. Arizona, fala sobre o fato de haver uma imitação da “dança do cervo” feita pelo Balé Folclórico Mexicano.
                        Ao que parece, o ritual realizado pelos yaquis foi descaracterizado, pelo fato de haver uma imitação de sua dança. Para Valencia, enquanto os yaquis realizam um ritual, o Balé Folclórico Mexicano realiza uma peça, que não tem nada de religioso nem de indígena, e é feito para o consumo de não indígenas, uma vez que está sendo comercializado. É bastante emblemática a seguinte frase de Valencia “É frustante quando alguém diz ‘estou fazendo uma coisa yaqui’ quando os yaquis sabem que não é”.
                        Sobre a comercialização, Valencia considera que se alguém gravasse canções yaquis e as vendesse, eles simplesmente deixariam de usar tais canções, tamanha a descaracterização que sofreriam, deixando de serem sagradas.
                        Podemos considerar que o fato de não nos transformarmos totalmente ao realizar uma performance é crucial para buscarmos compreender a visão de Valencia. Seja lá qual for o grau de transformação de um yaqui durante o ritual, ele não deixa de ser um yaqui, realizando um ritual yaqui, o que nunca poderia ser repetido pelo Balé Folcórico Mexicano, que não tem como sacralizá-lo novamente, uma vez que ele deixa de ser sagrado por estar sendo feito por um não yaqui. Desse ponto de vista, podemos considerar que, na nossa peça, havia sim um par que realizava algo mais autêntico que o outro, que nesse caso seria a dança realizada pelos turistas estrangeiros.
                       


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