28.4.12

26/03 - TS2 - O brincar e a realidade de Richard Schechner

Textos da aula: - Schechner, Richard. "Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral". Trad. Ana Letícia de Fiori. Cadernos de campo, n. 20, 2011. 
                           - Winnicott, Donald Woods. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1971.

Integrantes do grupo:

Herber
Bruna
Alice
Clayton
Leslie



Silêncio. Olhares de soslaio. Um dos participantes inicia um maracatu, utilizando a mesa da carteira como instrumento. Os demais participantes, aos poucos, são contagiados pela batucada, aderindo a ela um a um, conferindo à música que se forma uma sonoridade de crescente intensidade. Em seu auge, a música convida aqueles que batucam em seus lugares a incorporá-la; a representá-la através da dança. De forma similar ao crescente do batuque, os participantes aderem à dança, voltando aos seus lugares e continuando o batuque após suas performances. Por fim, um novo crescente, a seguir o silêncio. É o fim.

O nosso TS teve como objetivo realizar uma experiência, na qual os participantes pudessem vivenciar uma experiência no sentido de fluxo. Desta forma, os elementos dos comportamentos performados não foram apenas atuados e sim efetivamente vivenciados, de maneira que o ritmo e o tempo fossem tidos como coisas flexíveis e concretas. Desta forma buscamos gerar, com o   batuque, um ambiente lúdico e, a partir dele, permitir que os participantes aderissem da forma como lhes houvesse. Assim, ao compor o TS, o combinado entre os participantes era que uma pessoa começaria a batucar e, a partir daí, os demais iriam incorporar e participar da brincadeira de forma livre, quase natural. A dúvida que nos restava dizia respeito ao público: quais seriam as reações? O público seria absorvido pelo clima gerado e participaria de forma ativa ou permaneceria estático na posição de espectadores? De acordo com Schechner, "a força da performance está na relação muito específica entre os performers e aqueles-para-quem-a-performance-existe", sendo a performance dependente e também criada por essa relação. Uma performance sem audiência não seria possível de ser concebida. Terminada a apresentação, pudemos perceber que o público se sentiu absorto, porém se manteve em seus lugares, racionalizando a experiência observada.

Em “O brincar e a realidade”, Winnicott define como objetos transicionais aqueles que funcionam como substitutos à ilusão, por parte do bebê, de que ele e a mãe seriam um só. Desta forma, um urso de pelúcia, por exemplo, teria uma existência objetiva - como um simples brinquedo - e uma existência simbólica - ao estar relacionado com a figura materna. Daí a importância do ato de brincar. À luz de Winnicott, não poderíamos também pensar na existência das carteiras da sala de aula além de sua existência objetiva, para pensar em seu papel simbólico na relação professor-aluno? Ao batucar na mesa, mudamos (e questionamos) sua função (normalmente tão objetiva!). Assim, através desta brincadeira, não estaríamos transformando as carteiras em
objetos transicionais e, assim como o bebê e sua mãe, nos distanciando da tão central figura do professor?



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