TS4 – Grupo 5: Maus Tratos, Bons Trapos
Terceiro grupo a se apresentar em 16/04/2012
Texto da aula: TURNER, Victor. “Liminal to liminoid, in play, flow, and ritual”. In: From ritual to theatre: the human seriousness of play (New York: PAJ, 1982), p. 20-60 (ver tradução).
Integrantes:
Ana Carolina Mendes Marinho Valentim Candido
Érica Gibaja
Felipe Munhoz Martins Fernandes
Heloisa Tanasovici Cardani
Isadora Biella
Pedro Paulo Ferreira Felippe da Silva
Wagner dos Santos Veillard
Tão importante quanto, ou por vezes até mais que, aquilo que acontece nos minutos de performance do TS em sala de aula, é o que se passa antes da encenação. Neste segundo TS de nosso grupo, vale ressaltar que a preparação foi diferente daquela ocorrida para nosso primeiro TS, a saber: (a) parece ter havido maior participação de todos os membros do grupo; (b) a troca de ideias ocorreu mais via email que de forma presencial, e esta última foi intensificada no intervalo da aula; (c) houve maior elaboração no que se refere à maquiagem, figurino, adereços e recursos sonoros (via computador).
Ainda que cada TS não possa ser considerado como um rito de passagem, talvez fosse interessante, ainda assim, pensar as características observadas durante a preparação para o mesmo sob a ótica apresentada por Turner. Logo no início de seu texto, ele menciona as três fases em um rito de passagem propostas por Van Gennep (separação, transição, e reagregação) e, desta maneira, a preparação do TS poderia ser comparada a um momento de “desligamento dos sujeitos-rituais dos seus estatutos sociais anteriores”. Esta preparação seria então seguida por um momento “liminar, de margem ou limen”, que seria o próprio TS com os integrantes do grupo vivendo um rápido limbo social na condição mista de alunos e atores. Tal classificação é posta aqui mais como provocação para reflexão que como afirmação de analogia perfeita, e poderia nos levar ao questionamento da eficácia das próximas preparações dada a repetição do “ritual” durante o curso.
A apresentação em si foi dividida em três partes distintas, porém diretamente interligadas. Ao som de uma marcha nupcial, encenou-se o início de um casamento (católico?) com a participação do professor do curso na figura de padre. Desta cena, noivos, padrinhos e convidados passaram a dançar uma quadrilha, daquelas bem típicas e tradicionais em festas juninas por todo o país. Os pares foram respondendo a comandos do tipo “Olha a cobra!” com a mudança na direção de seus movimentos de roda. Ao ouvirem “Olha a chuva!”, houve nova alteração na música e os casais se desfizeram para formação individual, em círculo, a fim de realizarem os passos de uma “dança da chuva”. Segundo os conceitos expostos por Turner em seu texto, o casamento inicial seria, portanto, algo liminal porque centralmente integrado no processo social total, funcional por si mesmo, e executado pelas necessidades socioculturais. O casamento da quadrilha, em contraponto, remeteria ao tempo de lazer associado a dois tipos de liberdades: “liberdade de” e “liberdade para”. Nesta última liberdade podemos citar a liberdade até para a inversão de papéis, pois na quadrilha uma menina pode se fantasiar de menino e dançar de maneira masculina sem que sua feminilidade seja posta em questão ao fim da brincadeira. A “dança da chuva”, da forma como foi conduzida em sala, talvez tenha sido a parte mais liminóide de nossa apresentação porque em virtude de vir desprovida de modelos reais de nosso conhecimento, tornou-se uma brincadeira bem individualizada, ainda que realizada em conjunto.
Na discussão ocorrida em aula após nossa performance, o professor John comentou sobre a sua participação na performance, e colocou que a figura que ele representou (a de um padre), é "descaracterizada" de poder. Ele realizou uma reflexão a respeito da incapacidade, em certos momentos liminares e até ordinários em que "quem comanda", nem sempre é a chave da organização, mas sim um todo social agindo de forma autônoma.
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