Grupo 5 – Grupo Maus Tratos Bons Trapos
Texto da aula: SCHECHNER, R. "Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral". Cadernos de Campo, n.20, São Paulo, 2011.
Integrantes:
Ana Carolina Mendes Marinho Valentim Candido
Érica Gibaja
Felipe Munhoz Martins Fernandes
Heloisa Tanasovici Cardani
Isadora Biella
Pedro Paulo
Wagner dos Santos Veillard
TS: O ator e sua experiência
Um Ator se prepara para a sua performance (um monólogo) num teatro convencional. Ele executa, como de praxe, exercícios cênicos de repetição e manipulação de suas ferramentas corpóreas: voz, postura, gestos, etc. que ajudam a se adequar ao personagem a e performance desejada durante os ensaios. Em seu processo de criação – além dos elementos diversos que compõe uma “peça” como figurino, direção, direção de arte, iluminação, etc. que estão implícitos – participa da criação a “voz da consciência” que, no limite, poderia ser “a consciência crítica”. Esta “consciência” será a linha que conduzirá a performance, deixando perceptível a permanência do Eu na atuação, ao invés do “não-eu” pela absorção quase completa da personagem pelo sujeito ator.
A performance é iniciada após o aquecimento do ator no backstage. Praticamente um ritual de concentração e introjeção. Neste aquecimento o ator concentra-se no sentido de adentrar seu não-eu desejado. Finalmente, durante a apresentação, uma pessoa da platéia tem um aceso de tosse, o que causa o arrebatamento concêntrico do ator em sua performance, ou seja, o ator erra o texto. A sua “voz da consciência” tenta estabelecer a personagem no centro de atenção do ator, enquanto o público percebe a movimentação de modo impassível. O ator retoma a linha condutora da performance e encerra sua apresentação normalmente.
A cena apresentada pelo grupo 5 neste seminário foi elaborada de maneira apressada em decorrência de inúmeros percalços da primeira reunião de grupo, o que acarretou a exclusão de inúmeras possibilidades cênicas pensadas nos encontros que a precederam. É necessária uma extrema ginástica intelectual e dramatúrgica para poder moldar cenas que contemplem os conceitos elencados e desenvolvidos por Richard Schechner em “Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral” (R. Schechner, 1985).
A noção de interação entre audiência e performance foi central em nossa apresentação; do ponto de vista da efemeridade da performance, mesmo duma performance marcada, ou seja, ensaiada repetidas vezes, sua essência é atualizada em cada apresentação, o que quer dizer que, apesar das tentativas, dificilmente uma apresentação será igual a outra; no limite, ela poderá ser considerada um simulacro (Deleuze, 1969 - Lógica do Sentido) a cada apresentação. Outra noção que quisemos trabalhar tem a ver com a aproximação entre ritual e performance teatral. Nesse sentido tentamos reproduzir tal aproximação no instante do “ensaio” pré-apresentação. Grosso modo, podemos aproximar o ensaio teatral ao ritual segundo a idéia de que, em ambos, exercita-se a “incucação” de características do status (personagem) desejado, ou seja, a criação dum outro “Eu”, ou o “não-eu”. É nesse instante que a noção de experiência tem lugar de destaque em grande parte das elucubrações de Richard Schechner e Victor Turner. A experiência da atuação, do ensaio, da criação cria marcas corpóreas e mentais em seus agentes atuantes e autores e atores. Neste instante cria-se algo novo, no limite, uma nova personalidade, uma nova marcação corpórea (M. Mauss, 1935).
No limite, o que tentamos com muito esforço, reproduzir foi essa interação entre audiência e ator de maneira inversa à talvez pensada por todos. Uma interação ao mesmo tempo distante e aproximada. Distante porque a performance não se alterou de maneira criativa em relação ao aceso de tosse da expectadora, mas esquiva, fugidia. Tentou-se, com tal cena, reproduzir uma interação negativa. Negativa talvez não seja a palavra exata, mas, por falta de uma melhor, o que tentamos demonstrar foi a interação distanciada, que não dialoga com o público, mas tanta calá-lo, que mantém a distância de um público passivo e o performance ativo.
Não há, contudo, juízo nesta acepção, mas sim a exposição da possibilidade factual de performance, que, evidentemente figura como maioria em nossa sociedade.
Ana Carolina Mendes Marinho Valentim Candido
Érica Gibaja
Felipe Munhoz Martins Fernandes
Heloisa Tanasovici Cardani
Isadora Biella
Pedro Paulo
Wagner dos Santos Veillard
TS: O ator e sua experiência
Um Ator se prepara para a sua performance (um monólogo) num teatro convencional. Ele executa, como de praxe, exercícios cênicos de repetição e manipulação de suas ferramentas corpóreas: voz, postura, gestos, etc. que ajudam a se adequar ao personagem a e performance desejada durante os ensaios. Em seu processo de criação – além dos elementos diversos que compõe uma “peça” como figurino, direção, direção de arte, iluminação, etc. que estão implícitos – participa da criação a “voz da consciência” que, no limite, poderia ser “a consciência crítica”. Esta “consciência” será a linha que conduzirá a performance, deixando perceptível a permanência do Eu na atuação, ao invés do “não-eu” pela absorção quase completa da personagem pelo sujeito ator.
A performance é iniciada após o aquecimento do ator no backstage. Praticamente um ritual de concentração e introjeção. Neste aquecimento o ator concentra-se no sentido de adentrar seu não-eu desejado. Finalmente, durante a apresentação, uma pessoa da platéia tem um aceso de tosse, o que causa o arrebatamento concêntrico do ator em sua performance, ou seja, o ator erra o texto. A sua “voz da consciência” tenta estabelecer a personagem no centro de atenção do ator, enquanto o público percebe a movimentação de modo impassível. O ator retoma a linha condutora da performance e encerra sua apresentação normalmente.
A cena apresentada pelo grupo 5 neste seminário foi elaborada de maneira apressada em decorrência de inúmeros percalços da primeira reunião de grupo, o que acarretou a exclusão de inúmeras possibilidades cênicas pensadas nos encontros que a precederam. É necessária uma extrema ginástica intelectual e dramatúrgica para poder moldar cenas que contemplem os conceitos elencados e desenvolvidos por Richard Schechner em “Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral” (R. Schechner, 1985).
A noção de interação entre audiência e performance foi central em nossa apresentação; do ponto de vista da efemeridade da performance, mesmo duma performance marcada, ou seja, ensaiada repetidas vezes, sua essência é atualizada em cada apresentação, o que quer dizer que, apesar das tentativas, dificilmente uma apresentação será igual a outra; no limite, ela poderá ser considerada um simulacro (Deleuze, 1969 - Lógica do Sentido) a cada apresentação. Outra noção que quisemos trabalhar tem a ver com a aproximação entre ritual e performance teatral. Nesse sentido tentamos reproduzir tal aproximação no instante do “ensaio” pré-apresentação. Grosso modo, podemos aproximar o ensaio teatral ao ritual segundo a idéia de que, em ambos, exercita-se a “incucação” de características do status (personagem) desejado, ou seja, a criação dum outro “Eu”, ou o “não-eu”. É nesse instante que a noção de experiência tem lugar de destaque em grande parte das elucubrações de Richard Schechner e Victor Turner. A experiência da atuação, do ensaio, da criação cria marcas corpóreas e mentais em seus agentes atuantes e autores e atores. Neste instante cria-se algo novo, no limite, uma nova personalidade, uma nova marcação corpórea (M. Mauss, 1935).
No limite, o que tentamos com muito esforço, reproduzir foi essa interação entre audiência e ator de maneira inversa à talvez pensada por todos. Uma interação ao mesmo tempo distante e aproximada. Distante porque a performance não se alterou de maneira criativa em relação ao aceso de tosse da expectadora, mas esquiva, fugidia. Tentou-se, com tal cena, reproduzir uma interação negativa. Negativa talvez não seja a palavra exata, mas, por falta de uma melhor, o que tentamos demonstrar foi a interação distanciada, que não dialoga com o público, mas tanta calá-lo, que mantém a distância de um público passivo e o performance ativo.
Não há, contudo, juízo nesta acepção, mas sim a exposição da possibilidade factual de performance, que, evidentemente figura como maioria em nossa sociedade.
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