Integrantes
do grupo
Felipe Salvador
Marília Persoli
Texto
de Referência:
ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. São Paulo: Martins fontes, 1999,
p 1- 48.
Cena
Os dois integrantes do grupo vão a
frente e ficam em lados opostos da sala; eles chamam oito pessoas e as separam
em dois “corais”. Cada coral fica atrás de um integrante do grupo (os “regentes”),
e é colada a seguinte regra: cada coral só pode “cantar” o que seu regente
disser.
Depois desse arranjo inicial, os dois
“regentes” começam uma espécie de diálogo, porém eles só emitem sons sem nenhum
sentido. Cada coral reproduz os sons de seus respectivos regentes, no começo há
pausa e cada regente espera o outro para criar um novo som. Ao longo do tempo
os sons são sobrepostos, e os dois corais parecem estar “cantando” uma mesma
coisa. De repente, os dois regentes param; os corais também param.
Reflexão
Para construir nosso teatro seminário,
fomos influenciados, principalmente, pelo capítulo “A encenação e a
metafísica”. Pois o que mais nós instigou foi a ideia de Artaud de que a
essência do teatro não está no texto, nas falas, nos diálogos, mas está em tudo aquilo externo ao texto dramatúrgico.
Ou seja, segundo esse autor a essência da performance teatral aparece longe das formas de sentido cristalizadas (os
textos). Nas palavras do próprio autor:
“Seja o que for essa linguagem e sua
poesia, observo que em nosso teatro, que vive sob a ditadura exclusiva da palavra,
essa linguagem de signos e de mímica, essa pantomima silenciosa, essas
atitudes, esses gestos no ar, essas entonações objetivas, em suma, tudo o que
considero como especificamente teatral do teatro, todos esses elementos, quando
existem fora do texto, constituem para todo o mundo a região baixa do teatro,
são chamados negligentemente de ‘arte’, e confundem-se com aquilo que se
entende por encenação ou ‘realização’; e ainda é sorte quando não se atribui à
palavra encenação a ideia de uma suntuosidade artística e exterior, que
pertence exclusivamente às roupas, à iluminação e ao cenário”p.39-40
Ao mesmo tempo que fomos influenciados
por essa passagem, não queríamos simplesmente apresentar mimicas e “gestos no
ar”. Então resolvemos trazer o aspecto
não textual da linguagem, i.e., a enunciação mesma como entonação objetiva.
E para tanto montamos os dois corais e um pequeno “diálogo” entre os dois,
desse modo conseguimos instaurar um jogo de linguagem que desse mais ênfase à
performance da fala.