25.6.12

Grupo Os Perdidos - Brecht, Bertold. "Mãe coragem e seus filhos"



Grupo: Alice, Filomena, Herber, Leslie, Bruna, Marco e Clayton.

O povo ri, conversa, joga cartas, bebe. É a vida comum de pessoas comuns. Até que entram em cena as duas entidades: a Paz e a Guerra. As pessoas não as enxergam, mas de alguma forma podem vê-las, sentir seu cheiro; sua presença.
As entidades se entreolham fixamente, se encaram como que anunciando que algo está por vir. A violência do olhar aumenta a cada instante, os corpos se enervam, possuídos por uma energia que os domina e luta para ser exteriorizada. Enquanto isto, o povo, que, em um primeiro momento havia sentido a ameaça das presenças, agora se mostra indiferente à tensão crescente.
Por fim, a Paz desfere um tapa na Guerra. O povo se agita, se levanta de seus lugares, todos se entreolham, esperando que alguém tivesse alguma resposta do porquê de tamanha tensão em que todos subitamente se sentiam submersos. Qual seria a resposta da Guerra? O que estaria por vir? A Guerra, que nem por um instante deixa de olhar fixamente para a Paz, lhe responde com um confortável abraço, ao final do qual voltam às suas posições e continuam a se entreolhar. O povo, aliviado, volta a seus lugares e continua a levar suas vidas, como se nada tivesse acontecido.
A cena se repete por duas vezes, até que a Guerra, cansada dos insultos, responde à agressão. A Paz lhe desfere um outro tapa, respondido pela Guerra; é dado início a uma espiral de violência crescente, com a violência das agressões aumentando a cada momento e não dando sinais de que irá parar. O povo se agita, aparentemente irá entrar em desespero, mas, perante as agressões que não dão sinais de uma possível trégua, se habitua à tensão e volta à sua vidinha, como se, agora, aquilo fosse o habitual.
Enquanto é golpeada e responde às agressões, a Paz sorri e diz: “- Bata mais forte, pode bater.” Após mais uma sequência de dois ou três golpes, as entidades param, dão as mãos, e saem de cena. O povo permanece indiferente.
Em “Mãe coragem e seus filhos”, Brecht expõe as contradições da Guerra dos Trinta anos (1618-1648), uma luta armada centrada no conflito entre católicos e protestantes; em nome de religiões que, ideologicamente, pregam a paz entre os homens. A peça é escrita em 1939, no contexto do avanço do fascismo e do nazismo. É a este movimento que Brecht se opõe.
A exposição de contradições é comum na obra do autor, como em “O Sr Puntilla e seu criado Matti”, em que os momentos de lucidez do patrão são aqueles em que se encontra bêbado, em oposição aos momentos de sobriedade, em que o patrão é extremamente cruel.
É este recurso à exposição das contradições que buscamos expor em nosso TS, dado que a Paz e a Guerra, embora opostas, estão introduzidas em uma mesma lógica; a existência de uma está intrinsecamente ligada à da outra. Desta forma, existem períodos em que simplesmente os cidadãos comuns – ao fim e ao cabo os mais afetados pela guerra – simplesmente não podem discernir sob a égide de qual das duas vive. 

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