3.6.12

Completar a Imagem

         Baseando-se no texto “Afirmação Política: Espectáculo e Ceremônia. A simbologia do poder” de Clifford Geertz discutimos sobre a interpretação científica de culturas como um ato de tradução subjetiva. Concluímos que a interpretação de uma cultura revela muito mais sobre a pessoa que a está interpretando do que sobre aquela cultura que está sendo interpretada e, no mundo acadêmico, transformada em texto.
            Com o objetivo de mostrar a subjetividade da interpretação pensamos num TS que demonstrasse a diversidade de possíveis interpretações ou criações de significado de uma coisa só. A performance consistiu numa série de imagens estáticas que supostamente ilustrassem uma história que deveria ser interpretada e contada pelo público. A série começou com a imagem de dois integrantes do nosso grupo apertando as mãos, enquanto uma terceira integrante pediu para o público que desse significado à esta imagem.
Surgiram diversas interpretações que foram anotadas na lousa e desta maneira transformadas num texto escrito (analógico a interpretação científica de uma cultura que é transformada num texto académico). Para a segunda imagem, a terceira pessoa na lousa “descongelou” e substituiu uma das duas pessoas que formaram a imagem estética completando-a com um novo significado enquanto a pessoa rescém “descongelada” assumiu o papel de produtor de texto. De novo surgiram várias interpretações dando continuação a história. Assim foram apresentadas seis diferentes imagens estéticas com os três apresentadores trocando os papeis de “estátua” e “pesquisador(a)”. O resultado do TS foi uma lousa cheia de diferentes interpretações que formaram uma diversidade de histórias possíveis para as seis imagens apresentadas.
            Porém, para os apresentadores do TS a série de imagens não ilustrou história nenhuma, nem as imagens em si tiveram um significado específico. Era uma simples brincadeira corporal para demonstrar como nós seres humanos temos a tendência de dar significado às coisas que podem ser uma grande illusão.      

Grupo PerformArte: Agatha Barbosa, Bruna Amaro, Fabio Alex Silva, Isadora do Val, Maren Michaelsen, Theodoro Condeixa.

Texto de Referência: Geertz, Clifford. “Afirmação Política: Espectáculo e Ceremônia” ( capítulo IV). In: Negara: O Estado Teatro no século XIX, de C. Geertz (Lisboa: Difel, 1991), p. 127;152

Data da postagem: 03.06.2012

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