20.6.12

TS VII 14.06 – Artaud, Antonin. O teatro e seu duplo. (SP: Martins Fontes, 1999).

Grupo: Liminoid’s Ludens
Bianca Stefano Vyunas* Carlos Eduardo Santos * Carolina Mendes * Luiz de Castro * Priscila Alves * Thaís Tiriba
TS VII 14.06 – Artaud, Antonin. O teatro e seu duplo. (SP: Martins Fontes, 1999).

Com a leitura do texto de Artaud, O Teatro e seu duplo, pensamos num TS que fosse uma performance da performance. Como que um “metateatro”. E que, ao mesmo tempo, trouxesse a tona elementos de liberação de forças, de instabilidade e mostras das baixezas e inconsistências, elementos presentes no texto no ponto em que o autor argumenta sobre a ação do teatro, como indicador das mais diversas crises e problemas não resolvidos socialmente e sendo análogo a peste. Além de, retomar a ideia da metafísica da linguagem articulada, onde as palavras são utilizadas de maneiras diferentes ganhando novos significados.
Convidamos o público a visualizar uma sala de ensaios de um grupo de teatro. Ali, impacientemente, esperava o diretor, visivelmente empertigado. Os atores adentram o recinto. Achegam-se, e, neste momento, o diretor é grosso, os trata com desdém, dizendo que eram irresponsáveis e estavam atrasados. Manda-os sentar e começa a direcionar vitupérios aos atores. Coisas como: “Moçinha, você acha que vai para Globo? Querida, você é gorda, não vai não!”. “Vocês acham que teatro é lindo? Teatro é uma bosta!”. Diante disso, alguns atores ficam sem entender, começam a se entreolhar, eles próprios estavam a encarar uma situação de crise de instabilidade, algo incomum. O diretor propõe algumas atividades, fazem. No entanto, continua com os insultos.
Num momento, um dos atores se irrita e começa a responder a mesma altura. Começam a brigar, xingamentos e palavrões são proferidos. Uma atriz entra na conversa com o intuito de separar a briga, mas acaba envolvida também. Quando percebem, todos os atores e o diretor estão brigando, xingamentos e baixarias são ditas, virando uma balbúrdia. O intuito era provocar um estranhamento, pois nunca que uma exasperação assim, em cadeia, ocorre sem que perguntas acerca das atitudes éticas e morais sejam feitas. Responder e “perder a cabeça” diante de um problema são atitudes reprimidas e até repudiadas. Nesta performance, não. É essencial, necessário que isto ocorra. Nada é repudiado, as palavras ali podem ser ditas e ganham novos sentidos. Eram palavrões e xingamentos que ganhavam um tom diferente. Como que de uma liberalidade. Estavam livres para ir contra o diretor hierarquicamente superior. Igualavam-se a ele em tom e palavras. Tornavam aquela situação nova.
Alguns espectadores riem, outros se espantam, se exasperam, outros simplesmente observam. Ao final, um ator sai e bate a porta. Os demais ficam estáticos e o diretor declama uma citação de Jacó Guingsburg: “O Teatro é o teatro e a vida é vida. E a vida do teatro não é o teatro da vida. Mas nem por isso o teatro pode ser considerado menos representativo da vida". Que é autoexplicativa.

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