28.6.12

A fala sem palavra

Integrantes do grupo
Felipe Salvador
Marília Persoli

Texto de Referência:
ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. São Paulo: Martins fontes, 1999, p 1- 48.
Cena
Os dois integrantes do grupo vão a frente e ficam em lados opostos da sala; eles chamam oito pessoas e as separam em dois “corais”. Cada coral fica atrás de um integrante do grupo (os “regentes”), e é colada a seguinte regra: cada coral só pode “cantar” o que seu regente disser.
Depois desse arranjo inicial, os dois “regentes” começam uma espécie de diálogo, porém eles só emitem sons sem nenhum sentido. Cada coral reproduz os sons de seus respectivos regentes, no começo há pausa e cada regente espera o outro para criar um novo som. Ao longo do tempo os sons são sobrepostos, e os dois corais parecem estar “cantando” uma mesma coisa. De repente, os dois regentes param; os corais também param.
Reflexão
Para construir nosso teatro seminário, fomos influenciados, principalmente, pelo capítulo “A encenação e a metafísica”. Pois o que mais nós instigou foi a ideia de Artaud de que a essência do teatro não está no texto, nas falas, nos diálogos, mas está em tudo aquilo externo ao texto dramatúrgico. Ou seja, segundo esse autor a essência da performance teatral aparece  longe das formas de sentido cristalizadas (os textos). Nas palavras do próprio autor:
“Seja o que for essa linguagem e sua poesia, observo que em nosso teatro, que vive sob a ditadura exclusiva da palavra, essa linguagem de signos e de mímica, essa pantomima silenciosa, essas atitudes, esses gestos no ar, essas entonações objetivas, em suma, tudo o que considero como especificamente teatral do teatro, todos esses elementos, quando existem fora do texto, constituem para todo o mundo a região baixa do teatro, são chamados negligentemente de ‘arte’, e confundem-se com aquilo que se entende por encenação ou ‘realização’; e ainda é sorte quando não se atribui à palavra encenação a ideia de uma suntuosidade artística e exterior, que pertence exclusivamente às roupas, à iluminação e ao cenário”p.39-40
Ao mesmo tempo que fomos influenciados por essa passagem, não queríamos simplesmente apresentar mimicas e “gestos no ar”. Então resolvemos trazer o aspecto não textual da linguagem, i.e., a enunciação mesma como entonação objetiva. E para tanto montamos os dois corais e um pequeno “diálogo” entre os dois, desse modo conseguimos instaurar um jogo de linguagem que desse mais ênfase à performance da fala.

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