11.6.12

TS 04/06 - Grupo 2 - BRECHT, Bertolt. "Mãe Coragem e seus Filhos"

Postagem de Antropologia da Performance – Noturno

Prof. John Cowart Dawsey
Grupo 2:
Gabriela Dias
Frederico Bertani
Thaís Rossi
Stella Theodoro
Inga Sunremmuk
Fabio Zuker
Caio Buni
Jorge Gonçalves

Texto-referência:
BRECHT, Bertolt. 1991. “Mãe Coragem e seus Filhos” (pp. 171-266). In: Teatro Completo 6. Rio de Janeiro: Paz e Terra.


Helene Weigel como “Mãe Coragem” - 1941



TS: SAPATOS!
Para representar algumas das inquietações suscitadas pela leitura de “Mãe Coragem e Seus Filhos”, representamos o seguinte TS:
Três soldados solicitaram os sapatos dos espectadores, utilizando como argumento principal a ideia de que estaríamos em guerra e a “pátria” necessitaria desses sapatos. Os soldados variavam seus pedidos com diferentes entonações: rogos, ordens, argumentação, etc.
Algumas pessoas se recusaram a fornecer seus calçados, outras hesitaram e algumas nem esperaram o pedido e já foram logo se voluntariando a entregá-los.
Os soldados então, sem muito cuidado, jogavam os sapatos no meio da sala. Nesse
  momento, dois operários (um deles uma operária grávida) recolhiam os sapatos, separavam, arrumavam e contavam sobre uma mesa. Atrás dessa mesa podia-se ler: “O TRABALHO LIBERTA”, a mesma frase que se encontra na entrada de Auschwitz I: "Arbeit macht frei".
Os sapatos jogados também formaram, propositadamente, uma outra imagem relativa ao Holocausto, a foto dos sapatos das vítimas das câmaras de gás;
Ao final, a operária grávida começou a se sentir mal por algum motivo e não conseguia mais seguir o ritmo do trabalho. Foi então que um dos soldados a levou para trás da mesa e todos os soldados juntos executaram-na, arremessaram sapatos contra ela, como numa espécie de “apedrejamento”.
Nossa intenção foi promover, como na peça de Brecht, algumas questões relacionadas ao absurdo da guerra. O pedido dos sapatos do público em nome da “Pátria” foi uma tentativa de representar o “esforço de guerra”. A requisição dos sapatos, aparentemente absurda, buscou representar a incerteza do momento e a falta de clareza com que os projetos nacionais são conduzidos, mesmo fora da situação de guerra. A operária e seu mal estar simbolizaram o não enquadramento ao projeto de guerra; e a sua execução, juntamente com o bebê em seu ventre, buscou revelar toda a barbárie com que se volta o aparelho de guerra contra quem se lhe opõe e também contra inocentes. É a máquina de guerra, como moinho satânico, cobrando pagamentos de sangue, como os que ocorreram com os filhos da Mãe Coragem.
No caso, a execução da operária acabou contando com a “participação” dos espectadores. O ato de entregar os sapatos à “pátria” acabou permitindo que esse “poder” fosse utilizado contra um igual e não contra o “inimigo”. Este, no caso, sequer foi citado ou perguntado, porque, na verdade, não importa.
 

Nenhum comentário: