15.5.12

10.05.2012 - Grupo 06, TS4 - Liminal to liminoid... (Turner) - Da roda ao caos

Da roda ao caos

A ideia do TS era nos questionarmos o quão grande entre a diferença da experiência liminal e da experiência liminóide, e qual é o processo que marca a passagem de uma para a outra. No texto “Liminal ao Liminóide: em brincadeira, fluxo e ritual – Um ensaio de Simbologia Comparativa” de Victor Turner, o autor apresenta a sua tese explicitando de forma geral que os fenômenos liminais tendem a serem coletivos, totais, envolvendo os atores de uma sociedade como um todo, abarcando muitos dos aspectos culturais de uma sociedade. Já os fenômenos liminóides estariam ligados a eventos mais pontuais e de um grupo determinado, que muitas das vezes contestam o status quo, aparecendo em forma de artes.
            Tendo essas definições em mente desenvolvemos um TS que na prática não funcionou do jeito que tínhamos projetado. A ideia inicial era a de entrarmos na sala juntos e no meio dela cantar uma cantiga de roda. Tínhamos escolhido essa representação cultural por acreditar que ela teria um caráter total, envolvendo quase a totalidade das pessoas presentes e em muitos dos casos flertando com a religiosidade, ou seja, uma experiência liminal. O motivo dessa escolha é porque iríamos fazer a passagem para uma experiência, a princípio nitidamente liminóide, mas que progressivamente se tornaria liminal de novo. Bom, vamos ao TS como foi executado e depois voltamos para alguns que consideramos relevantes.
            Entramos na sala onde, previamente tínhamos pedido para as pessoas ficarem de pé e em círculo, e fomos para o meio da roda. Lá, também dispostos em círculo, começamos a cantar atirei a cantiga “atirei o pau no gato” repetidas vezes. Após a sexta ou sétima vez da repetição, um dos integrantes do grupo para de cantar a cantiga e começa a cantar uma música totalmente diferente daquela que estava sendo executada e aproveitada por todos da roda.  Os outros membros do grupo continuam cantando mesmo percebendo a diferença desta nova música que está “atravessando” a música inicial, no momento seguinte param de cantar e ficam nitidamente incomodados observando a “apresentação” do dissidente do grupo. Num momento posterior a situação fica mais confortável e parecem apreciar o que está acontecendo. O dissidente toca a pessoa que está do lado dele, como que incentivando ela a cantar. Essa instantaneamente começa a cantar uma música diferente da que o primeiro dissidente canta e também diferente da cantiga cantada pelo grupo no início do TS. Assim um a um da roda central começa a cantar uma musica que são diferentes entre si e de forma simultânea. Depois da terceira pessoa a começar a cantar fica difícil entender quais são as músicas que estão sendo cantadas. À medida que outras pessoas vão entrando na “brincadeira” e cantando musicas diferentes, o som das pessoas vira um zumbido quase que constante e fica difícil até para as pessoas cantarem suas músicas. Um sentimento de caos é instaurado na sala de aula que só termina quando todos os alunos da sala estão cantando cada um a sua música.  Um desconforto foi visto, sentido e expresso por muitas pessoas, a experiência foi compartilhada por todos visual, corpórea e sensitivamente.
             Assim, de um momento onde algumas pessoas cantavam uma única música (que lembro, a princípio deveria ser algo quase religioso) para um segundo momento onde acontece uma quebra do status quo e uma pessoa vira a atração central e é admirada para um terceiro momento onde todos cantam músicas diferentes entre si, mas compartilham o caos e o desconforto. Com isso, os questionamento que surgem é: 
Existe essa passagem de uma experiência liminar para liminóide ou vice e versa?  Se sim, como se dá?! Se o tipo de experiência depende do contexto e da concepção dela, ao ela poderia mudar de liminóide para liminar num estalos de dedos. O sentimento de desconforto e caos compartilhado por todos que experienciaram o TS é a nosso ver, a liga massa que unia e aproximava aquela experiência ao liminal.


Referência Bibliográfica

Turner, Victor. “Liminal to liminoid, in play, flow, and ritual”. In: From ritual to theatre: the human seriousnessof play. New Youk: PAJ, 1982, p. 20 – 60.
 


Grupo 06:
Adriana Mendes Diogo, Cláudia Carolina Fuga dos Reis, Mariana de Oliveira Gomes, Shoko Mori,
Talita Bertolini, Raoni.



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