8.5.12

Apresentação de Teatro-Seminário baseado no texto de Victor Turner: "Liminal ao Liminóide: em brincadeira, fluxo e ritual. Um ensaio de Simbologia Comparativa.

            Inspirados nas fases de um rito de passagem descritas no texto - separação, transição e reagregação - os integrantes do grupo planejaram uma apresentação que representasse um costume ou tradição que ocorre no sul da Itália, que é o de mulheres chorarem por seus mortos de forma ritual, e de isso ser ensinado e imposto às meninas desde pequenas, para que esse ritual permaneça e não seja extinto. 
           Os três integrantes do grupo, que são do sexo masculino, concordaram em que um deles representasse um morto, carregado para dentro da sala de aula (velório)  pelos os outros dois, e, por eles posto sobre a mesa; e que os outros dois integrantes sairiam da sala e voltariam para dentro novamente, mas só que agora travestidos como mulheres, ou melhor, uma mulher e uma menina criança. A mulher choraria o defunto e ensinaria e imporia à menina que fizesse o mesmo. A menina, confusa e  contrariada, obedeceria à mãe, e sempre quando se destraíse seria punida por não estar chorando. Quando a mãe se sentasse para descansar, a menina, diante do féretro, cochilaria e veria o morto, em sonho, levantando-se do caixão e repreendendo-a por ela não estar chorando; a menina, muito inconformada, leva as suas mãos ao pescoço do defunto,  sufocando-o e "matando-o e levando-o a morrer novamente". A menina acordaria muito assustada e se dirigiria à sua mãe e ambas sairiam de cena. Esses dois integrantes voltariam, agora como homens, e virariam o "defunto" de lado no sentido horário para simbolizar a passagem do tempo; eles sairiam novamente e voltariam para dentro travestidos como mulheres, sendo que agora a menina já mulher, e a mãe, uma mulher idosa. Ambas chorariam o defunto, a mãe se sentaria para descansar, e a outra, não muito satisfeita por ter que fazer algo que não lhe agrada muito, que é chorar defuntos, olharia para os lados para ver se não há alguém vendo-a, e faria caretas, mostraria língua para o defunto, despedindo-se dele dizendo-lhe que agora ela se  casaria com quem ela quizesse. Ela se dirigiria à mãe e sairiam de cena.
             Esse foi o plano. Na performance, todavia, os dois integrantes encarregados de serem as pessoas do sexo feminino fizeram a cena mais rápidamente do que o planejado, e em sua dramatização como mulheres conseguiram ser muito cômicos, o que fez que o "defunto" não se contivesse e risse também. Esse fato inusitado foi uma surpresa agradável e valorizou a performance, pois fez com que a performance tivesse um outro sentido além daquele planejado, que é o de crianças estarem brincando de fazer o ritual do choro pelos mortos, e até de forma a criticá-lo. Uma vez que um trabalha para o liminal e outro brinca com o liminóide, poderíamos dizer que o liminal e o liminóide se encontraram nessa performance?

Edison Yammine, Nicolò Pezzolo, Rolf Amaro Cardoso dos Santos - Antropologia da Performance, Vespertino, 5ª feira

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