20.5.12


Relato sobre o TS baseado no texto “Afirmação política: espetáculo e cerimônia” de Clifford Geertz. 17/05/2012.
            Elvis Presley, Jim Morrison, John Lennon, Raul Seixas, Cazuza, Renato Russo, Tom Jobim. Essas são apenas algumas pessoas que marcaram a humanidade com o seu talento, capacidade e arte. A sua partida para a “eternidade” trouxe uma ausência que parece tê-los feito mais presentes e “eternos” neste mundo do qual eles partiram, pois, mais continuamente, tem sido possível ouvir falar a seu respeito e reproduzir as suas canções, fotografias, filmes e vídeos; comprar, vender e trocar seus discos, fitas, cds, dvds, revistas, pôsteres, filmes, etc, de maneira intensa, e isso provindo do aumento do desejo de vê-los e ouvi-los desempenhar os seus trabalhos, mesmo que seja na forma de reproduções fonográficas, fotográficas, em películas e/ou em vídeos.
         Tem sido comum encontrar multidões visitando os seus túmulos e lá desenvolvendo como que rituais aos seus reis mortos que, para elas, estão mais vivos do que nunca em suas memórias cada vez mais avivadas em relação a eles devido à ativação desses como um tipo de divindade ou ídolos, e ao surgimento de um poder sobrenatural “a partir da criação de imagens da verdade, e não do crer nela, obedecer-lhe, possuí-la, organizá-la, utilizá-la, ou mesmo compreendê-la.” Nesses rituais, há pessoas que cantam, tocam instrumentos musicais, dançam, fotografam, filmam, imitam e vêm vestidas como os seus ídolos, acendem velas, deixam flores e retratos, rezam, fazem correntes de oração, tentam estabelecer uma comunicação com o mundo dos mortos, comercializam lembranças e itens relacionados aos ídolos. A divinização desses reis mortos chega ao ponto de se transformarem as suas residências em museus e seus pertences em relíquias e insígnias, demonstrando “o poder que o divino ganha quando assume formas particulares”, e, de se promoverem leilões para arrematá-los a preços exorbitantes.
       Baseando-se nisso, no TS aqui em questão, os integrantes do grupo fazem a sua performance como se estivessem no cemitério em que está sepultado o artista e compositor Antônio Carlos Jobim, conhecido como Tom Jobim (1927-1994). Edison chega ao local com o seu violão, “cumprimenta” o morto que está dentro da sepultura, faz-lhe certa reverência, senta-se no chão e executa três canções compostas por Tom Jobim: Garota de Ipanema, Samba de uma nota só, e Águas de Março. Enquanto isso, um outro fã, Nicolò, chega ao local e é abordado por alguém que se diz fã do artista, Rolf, e que tenta ludibriá-lo com a venda de um objeto supostamente pertencente à celebridade morta. Após o turista e fã Nicolò se fotografar diante do túmulo de Tom Jobim e de Edison, ele acaba comprando o item dito como relíquia e se retira satisfeito por ter feito tal aquisição. Rolf, também contente por ter conseguido o que queria, vai à procura dos locais em que estão sepultados os cantores e poetas Renato Russo e Raul Seixas, para dar prosseguimento à sua carreira de trapaças.
Edison Yammine, Rolf Amaro Cardoso dos Santos, Nicolò Pezzolo - Antropologia da Performance - vespertino, 5ª feira. 

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