8.5.12

                Teatro Seminário referente ao texto Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral, de Richard Schechner.
Dois alunos levantam e, do fundo da sala, iniciam um diálogo sobre qual seria a tarefa de cada um quando chegassem ao centro do círculo formado pelos colegas na sala de aula. Chegam a um acordo e, quando ficam em frente a todos, um se posiciona com o violão que carregava, enquanto o outro pede para que todos se levantem. Edison começa então a executar “Glória Glória Aleluia”, seguida de God Gave Rock’n’Roll to You, enquanto Rolf solicita a participação de todos, seja cantando, seja batendo palma, dando vez ao que poderia ser uma parte musical de uma missa católica ligada à renovação carismática. Terminada a apresentação, a dupla sairia discutindo os resultados das apresentações enquanto se dirigiam aos seus lugares de origem, em meio aos outros colegas de sala, monitores e professor. A peça ocorreu como se não tivesse exatamente começado ou acabado, não houve um sinal abrupto que reforçasse as marcações extremas; começou de dentro da turma e para ali voltou. A combinação da forma como isso se deu e o tema resultaria em algo inusitado e inesperado para os dois integrantes do grupo.
            Um silêncio absoluto toma conta da sala, sendo lentamente superado pelo debate da cena apresentada que começa e tende a percorrer pelas margens, com todos evitando falar diretamente sobre a manifestação religiosa. Um colega relata então ter visto certa vez uma sátira desrespeitosa referente ao candomblé, que reproduzia rituais que somente iniciados conheciam, coisa com o que não poderiam mexer. Nessa hora que ficou claro o motivo de tanta reticência no debate: havia um receio geral de tratar sobre religião. No espaço da ciência, a presença de um “aleluia” gerou um desconforto imobilizador, totalmente inesperado por parte do grupo.

               Procurou-se, nessa apresentação,  abordar os pontos de contato expostos por Richard Schechner no texto acima citado, a saber:

1  - transformação do ser e/ou consciência - fisicalização da impossibilidade de
    uma transformação completa; os humanos carregam e expressam identidades
    múltiplas e ammbivalentes; observação, prática, imitação, correção,
    repetição; as performances estão ligadas à audiência que as ouve; a força da
    performance está na relação entre os performers e aqueles para quem a
    performance existe; transformações do ser uqe compões a realidade; da
    performance evidenciam a si mesmos em todo tipo de anacronismos e
    combinações estranhas e incongruentes que refletem as qualidades liminais da
    performance; o performer não deixa de ser ele mesmo quando se torna outro;

2 - intensidade da performance - transes; baixas e altas; compreender a
    intensidade da performance é descobrir como uma performance  constrói,
    acumula ou usa a monotonia; como ela atrai participantes ou os barra; como o
    espaço é manipulado ou projetado; como o cenário ou roteiro é usado;

3 - interações entre audiência e performer -

4 - a sequência total da performance - níveis médios, altos e baixo;
    transformação incompleta; habilidade de equilibrar o grotesco de um papel
    com a sutileza de como ele é performatizado; marca do projeto de superfície;

5 - a transmissão do conhecimento performático - texto performático: o que
    acontece durante uma performance tanto no palco quanto fora dele, incluindo
    a participação da audiência; tradições orais, não-escrito; esportes;
    treinamento x ensaio; mesclas;

6 - como as performances são geradas e avaliadas? - é parte da própria
    performance; discussão imediata, audiência; crítica, mais prática; fazer,
    ver, avaliar, criticar e refazer.

Edison Yammine, Rolf Amaro Cardoso dos Santos, Nicolò Pezzolo - Antropologia da Performance, Vespertino, 5ª feira

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