6.5.12

Dança das Cadeiras: a lógica da brincadeira                    

Victor Turner "Liminaridade e Communitas" e a Antropologia da Experiência

Grupo 4: Lancheiras    

            O antropólogo estuda a sociedade a partir das experiências marginais, em uma época (final dos anos 60) em que os estudos passaram a dar mais importância aos movimentos contracultura. O foco das análises sociais não está na estrutura, mas no paradoxo, na ambigüidade. Exemplos dessa corrente são: Marie Douglas, Leach e Victor Turner. Esse modelo de pensamento vem em contraposição às formas frias de se olhar o mundo, em uma estrutura fixa e determinante. Passa-se a querer compreender a transformação.
            Dentro desse contexto de interesses e produção, Turner foca-se nos processos rituais e na maneira como a mudança é incorporada pelo ritual para reafirmar a estrutura vigente, em uma reanimação pelos sujeitos transformados. A cultura é abordada pelo seu aspecto processual e dinâmico da vida social. Para ele a importância do ritual vem da coesão trazida através da transmissão de valores. Isso, pois, envolve uma situação de Comunnitas, que seria o estado de homogeneidade, sem hierarquias entre os membros. Ritos, objetos, máscaras e cânticos acabam reafirmando a ordem e "comunicando os segredos da sociedade" por meio da reflexão. A forma complexa e ambígua tem efeito importante para a liminaridade.
            O que Turner denomina de estado Liminar são esses momentos caracterizados pela invisibilidade estrutural, ausência de status, transição, altruísmo, silêncio e simplicidade. Todos eles inseridos na experiência vivida pelos rituais. O estado liminar é indispensável para se entender a estrutura em uma metodologia dialética. Expõe as "pedras angulares" com as quais se constrói a cultura, olhando para o que escapa à estrutura. A liminaridade apresenta caminhos alternativos ou marginais, que aparentemente não são fatores estruturantes, mas à expõe através desse estado de transição, desse "entre".
            Em uma metáfora com o teatro, Victor Turner entende o ritual como uma performance que dá significado à experiência com a suspensão temporária dos papéis – contrariando o interacionismo de Goffman. Nessa linha de raciocínio, o autor ao voltar-se para as sociedades modernas e procura os ambientes que configuram esse estado de marginalidade em relação à estrutura. Em oposição à Liminaridade, esses momentos de suspensão temporária de papéis nas sociedades Pós-Revoluçao Industrial inserem-se dentro do contexto mercantilizado do capitalismo, com uma maior individualização, mas que estaria mais às margens do que o estado liminar. O estado liminóide apresenta uma maior fragmentação das possibilidades do "pensar", da reflexão. Diferente da Liminaridade que envolve todas as pessoas de uma comunidade sob mesmos valores e idéias durante o ritual. Essa diversidade e certa liberdade do pensar, do brincar, seria um momento de extrema criatividade e muito mais revolucionários.
            Assim, através do estudo das margens e da suspensão da ordem e dos papéis sociais cotidianos, Victor Turner realiza uma nova abordagem cultural. Pioneiro, um dos fundantes da Antropologia da Performance, o antropólogo pensa a vida social simbólica através da anti-estrutura.
            Realizamos o jogo da dança das cadeiras para simular um momento liminóide. Isso, pois a brincadeira nas sociedades modernas, para Turner, tem esse poder de suspender os papéis sociais cotidianos e através das regras internas do jogo inserir os indivíduos em outra lógica vigente. O que também pretendemos, foi configurar uma situação em que permitisse a criação de um fluxo, ou seja, que os participantes se esquecessem momentaneamente da realidade social vivida e fossem tomados por sentimentos, no caso de competitividade, que os movessem de uma forma distinta e que mudasse os seus comportamentos para com os outros jogadores em relação à dinâmica normal de sala.

Nenhum comentário: