5.5.12

TS4 - Casamento liminal/liminóide

Integrantes do grupo
Felipe Salvador
Marília Persoli
Maíra Andrade

Texto de Referência:
            TURNER, Victor. “Liminal to liminoid, in play, flow and ritual”. In: From ritual to theatre: the human seriousness of play (New York: PAJ, 1982), p.20-60.
Cena
             Os integrantes do grupo vão a frente da sala e formam um triangulo, os três encarando o resto da sala.
Felipe: Eu sou a noiva.
Marília: Eu sou o noivo.
Maíra: Fulano e Ciclana, viestes aqui para celebrar o vosso matrimônio. É de vossa livre e espontânea vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?
Marília: De livre espontânea vontade não é né? Mas tudo bem, eu aceito.
Felipe: Eu aceito.
Maíra: Prometem ser fiéis um ao outro, amando-se, respeitando-se, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias de suas vidas, até que a morte os separe?
Marília: É.... sabe como é, a carne é fraca. Sempre da para dar uma escapada de vez em quando. Vocês conhecem o ditado “o que os olhos não vem o coração não sente”? É isso aí, da para dar umas escapadas de boa sem a patroa ficar sabendo.
Felipe: Eu sei que ele não vai ser fiel. É o jeito dele mesmo, não tenho nenhuma ilusão. Mas mesmo assim, eu escolho ele livremente, eu aceito.
Maíra: Pelo poder concedido a mim, eu vos declaro marido e mulher.

Reflexão
            Animados pela leitura do texto de Turner, pensamos em realizar um teatro-seminário que trouxesse a ambiguidade da sátira, ou seja, que algo que traz a aparência de anti-estrutura e essência de estrutura. Assim, estrutura e anti-estrutura surgem simultaneamente num movimento ambíguo. Nas palavras de Turner:
“A sátira é um gênero conservador porque é pseudi-liminal. Sátiras, ataques, zombarias que consideram vícios, tolices, estupidez ou abusos, mas seu critério de julgamento normalmente é uma moldura da estrutura normativa dos valores promulgados oficialmente. Portanto, trabalhos satíricos, como aqueles de Swift, Castlereagh, ou Evelyn Waugh, frequentemente têm uma forma de ‘reversão ritual’, indicando que a desordem não é um substituto permanente da ordem. O espelho se inverte, mas também reflete o objeto”   p.21 (da versão traduzida para o português.
            Deste modo, tentamos trazer um gênero de sátira conhecido: a sátira da instituição casamento. No nosso teatro seminário, há a realização de um casamento e os participantes não acreditam na instituição. O noivo é uma figura caricata que pensa estar burlando a instituição, porém, quando ele faz tal coisa, ele cai diretamente no estereótipo de marido infiel. Por outro lado, quisemos ressaltar o papel da noiva dentro dessa instituição da seguinte forma, ela sabe que o casamento não cumpre todas as suas promessas, que a fidelidade é apenas discurso, mas invés de continuar na instituição como esperado (sendo infiel ou se iludindo sobre a instituição) ela opta por permanecer fiel e acreditar no casamento mesmo sendo uma instituição fracassada. Apesar da performance da noiva não ter sido perfeita dando a impressão de que ela estava oprimida pela situação, a ideia inicial era o oposto: mostrar o espaço mínimo da ação, mostrar o poder dos fracos.

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