10.5.12

TS II – “Liminal ao Liminóide: em brincadeira, fluxo e ritual”, Victor Turner 
Grupo: Liminoid’s Ludens
Bianca Stéfano VyunasCarlos Eduardo Santos Carolina Mendes Luiz Roberto de Castro Priscila Alves Thais Henriques Tiriba
Descrição da Cena
            Dois homens trabalham num escritório. Um deles permanece sentado em sua mesa, enquanto o outro caminha até o arquivo e pega uns documentos. Volta à mesa do primeiro e dá a ele os documentos para que os carimbe. Três mecânicas carimbadas. Enquanto isso, no outro canto da cena, alguém olha fixamente ao espelho, tocando seu rosto e o espelho. Entende-se que logo irá sair.
            No escritório soa o alarme, o que indica o fim do expediente. Os dois vão em passos “clownescos” para o ponto de ônibus. A pessoa que se arrumava em frente ao espelho, veste um capuz e lentamente caminha na direção dos burocratas, o que gera uma dissonância entre eles. Um dos dois acredita se tratar de uma moça e se mostra interessado. O segundo, por sua vez, é tomado de grande indignação porque acredita que aquela figura é masculina. Tem-se um momento de desconforto e inicia-se uma discussão por meio de onomatopéias e gestos. Nesse ínterim, a pessoa tira o seu capuz, revelando-se uma mulher. O primeiro fica satisfeito e ao mesmo tempo aliviado com essa constatação, o que contrasta com a perplexidade do outro. O ônibus chega e os dois saem de cena.


Diálogo com o Texto
Foi foco na montagem da cena pensar o rito de passagem em suas três fases (como descritos por Van Gennep: separação, transição e reagregação) em um contexto pós-revolução industrial, dando ênfase à fase intermediária de transição.
            O indivíduo ao se olhar fixamente ao espelho representa a fase de separação, na medida em que seu não-reconhecimento seria um “desligamento do sujeito social”.
            O não-reconhecimento de seu sexo pelos burocratas é representativo da fase intermediária de transição. Foi destacada a ambigüidade dessa fase apresentando o indivíduo como andrógino, e grifando o desconforto que um indivíduo “não-classificável” causa no corpo social, representado pela confusão dos burocratas.
            Entre o grupo foi discutido o modo como na nossa sociedade é comum se pensar em formas dicotômicas, como masculino/feminino, dia/noite, vida/morte. A ambigüidade da fase intermediária – limonóide, por se tratar de um contexto urbano-industrial –, representada pela androginia do indivíduo, foi pensada dessa forma como arena para não somente a confusão das significações, mas como também a transgressão das formas.
            A fase final, de reagregação, ocorre no momento da tirada do capuz. Esse momento assinalou o fim da temporária indefinição para os três personagens: a volta à estrutura, representado pela revelação do indivíduo como mulher, e o conseqüente alívio e satisfação dos burocratas.

           



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