MAUSS, Marcel. “Uma Categoria do Espirito Humano: a noção de pessoa, a noção do “eu””. In: Sociologia e Antropologia, v. 1 de M. Mauss (SP: EPU/EDUSP, 1974); Mauss, Marcel. “As técnicas corporais”. In: op. Cit., v. 2, de M. Mauss (SP: EPU/EDUSP, 1974).
Grupo Catástrofe:
Andressa Ferreira
André Bof
Cleide Batista
Domênica Tezzei
Harth
Cenário:
Uma sala de aula do ensino médio.
Uma Lanchonete
Cena: Primeira parte:
Os alunos estão dentro da sala conversando, dormindo, mexendo no celular, sentados com os pés,
na cadeira, lixando as unhas, etc. A professora entra em sala e os cumprimenta, não obtêm retorno,
também, pelo que parece, não fica incomodada pela atitude ou falta desta em sua turma. O desinteresse aparenta ser reciproco.
Turma, atenção à chamada!
Número 1, número 2, número 3, etc.
A turma comenta que “essa professora acha que não temos nome, que somos a penas números”
Os alunos em sala mostram-se bem entediados, desatentos e com comportamento bem distante daquele considerado como um bom comportamento, ou seja, adequado aos alunos. Pois, mesmo com a professora em sala, “explicando, prosseguindo com a matéria”, a maior parte da turma continuava com as ações anteriores à chegada da professora, exceto o aluno Mauro, NRD da turma, visto como puxa saco.
No intervalo a turma sai da sala e vai à Lanchonete e começam a falar mal da professora. O aluno Mauro, a defende, deixando evidente seu papel de bajulador da professora. Os demais alunos fazem chacotas de Mauro argumentando que a docente não estava nem ai para ele. Nesse momento, a professora está passando pela Lanchonete e os aluno chamam-na para poderem mostrar para “o NRD” que a professora não tinha a mínima ideia de que ele existia, de quem ele era.
O Mauro cumprimenta a professora falando o quanto a admirava e que gostava muito de suas aulas, essa, no entanto, comprovando a suspeita de seus amigos, o chama de João. Desapontado, ele informa que seu nome é Mauro. A atenção da professora, todavia, está voltada para o aluno Pedro, que não é nem um pouco aplicado e fica o tempo todo mexendo no celular, ou dormindo. A docente demonstra saber que esse aluno trabalha e, sendo por isso, “entende”, ou pelo menos mostra-se compreensiva e solidária a situação desse aluno, como deixa transparecer.
A performance termina com os demais alunos rindo de Mauro e mostrando pra ele que realmente estavam certos ao dizer que a professora não tinha a mínima ideia de quem ele era. Para a professora ele só representava mais um número.
Segundo Marcel Mauss, a noção de sujeito, a pessoa, enquanto uma “categoria do espirito humano, uma dessas ideias que acreditamos inatas, lentamente cresceu ao longo dos séculos e através de numerosas vicissitudes, de tal modo que ela ainda é, mesmo hoje, flutuante, delicada, preciosa...”(p.369) . A noção do “EU”, é uma ideia socialmente construída, pois como demonstra Mauss, o indivíduo, a pessoa em cada sociedade utiliza-se de sua representação para “herdar seu nome, seus cargos, seus antepassados, sua pessoa, ou seja, é através dessas transmissão social de costumes, sejam rituais religiosos, de direito, moral. É através das denominações sociais que a pessoa “adquire sua individualidade”. Logo, sendo algo social, não poderia se considerar que o individual se sobrepõe ao social, mas o contrário disso.
Com essa performance tentamos também ressaltar que o indivíduo, mesmo sabendo que não é só um número, que possui um nome próprio que torna-se seu rótulo e também a certificação de que pertence a uma determinada sociedade, sente necessidade não só de se auto afirmar como também sente necessidade que as demais “pessoas”, o identifiquem, como alguém dotado de um “espirito individual”. Quer ser reconhecido não como um número mais, alguém possuidor de moral, religião, isto é, sua “individualidade corporal e espiritual ao mesmo tempo”.
Além das noções do “Eu”, fizemos uso da noção de técnica corporal definida por Mauss, como sendo as formas de ação do corpo, ou seja, quando se aprende uma técnica ela é incorporada ao nosso agir, desde andar, sentar, praticar um esporte, fazer um trabalho manual, falar, etc...tudo no corpo tem algo de social e esse social sobpõem-se ao individual.
Portanto, a relação que nos propomos a fazer utilizando os textos de Marcel Mauss e a instituição Escola, que é um instrumento utilizado pela sociedade para transmissão de conhecimento, de técnicas, modos de agir ou máscaras sociais utilizadas cotidianamente e o papel dessa instituição enquanto formadora do indivíduo para o convívio social, mesmo que as relações cotidianas sejam mascaradas, foi assim descrita.
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