Integrantes presentes no ts; Elaine Ávila, Felipe Salvador, Maíra Andrade e Marília Persoli
Grupo Aquele
TS6 17/05/2012
O texto utilizado como base para os TSs dessa semana foi "Negara - O Estado-Teatro no século XIX", de Clifford Geertz. Trabalhamos mais precisamente com o capítulo 4 - "Afirmação Política: Espetáculo e Cerimônia", que trata, em linhas gerais, de ações simbólicas, por meio das quais o ser humano recria e reelabora suas concepções de mundo.
Na discussão desenvolvida pelo grupo sobre o texto, nos ativemos em uma pequena parte contida no relato de Helms, que antecede a análise de Geertz: Helms detalha um ritual de sacrifício, no qual após a morte do Rajah de um Estado, três de suas concubinas se jogam nas chamas, perante "40.000 ou 50.000" espectadores. Durante a descrição dos momentos que precederam tais ações, Helms narra o comportamento das três mulheres, das quais duas se jogam no fogo sem titubear, enquanto que uma delas aparenta ter um momento de hesitação quanto ao seu próximo passo. Trata-se de um momento rápido, fugidio, mas que apresenta certo impacto – pelo menos para a leitura do grupo – justamente por colocar um pouco de “voz” a algo despercebido na sequencia do ritual. A ideia então era abordar esse “ruído”, colocando-o em um plano em que ficasse evidente sua “invisibilidade”. O TS se passava durante uma conversa entre duas pessoas, Felipe e Joana, que assistiam a uma peça de teatro. Construímos a cena para que Felipe mantivesse uma conversa (ou monólogo, em certos momentos) com a moça, mas que essa alternasse seu comportamento, exibindo atitudes diversas: i) manifestando total concordância com tudo que Felipe falava; ii) “atropelando” Felipe na conversa, nunca escutando direito o que ele dizia; e iii) mostrando-se desatenta, distante e distraída. Em cima dessas alternâncias, o que queríamos deixar claro era que Felipe não notava a mudança, não captava o ruído por trás das diferentes personalidades exibidas.
As reações da sala ao TS colocaram algumas questões interessantes. Foi observado que as mulheres transmitiam um sentimento "incômodo", pelo posicionamento de "stand by" assumido quando não estavam na conversa, que era de costas para a sala. Também foi colocado que a conversa encenada entre os dois personagens parecia configurar uma luta por status, principalmente no momento da entrada da segunda mulher, quando os dois travam um duelo para se impor, tendo como resultado final uma suposta derrota das meninas. Nesse sentido também, observou-se a possibilidade da personagem feminina simular as três mulheres do relato de Helms em um contexto de sacrifício (como no ritual), mas representado durante a conversa.
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