16.5.12

Transitando entre o liminar e liminoide

Textos-referência:
-Turner, Victor. "Liminal to liminoid, in play, flow, and ritual". In: From ritual to theatre: the human seriousness of play (Nex York: PAJ, 1982), p. 20-60;
-Turner, Victor. "Liminaridade e communitas" (Cap. 3). In: O processo ritual (Petrópolis: Vozes, 1974);

Grupo kr²

Allan Levorato
Carolina Mazzarielo
Felipe Torres
Glaúcia Veith
Larissa L. de Barcellos
Kaio Rafael
Kleyton Rogério
Mariana Vieira
     


Com as luzes apagadas, damos início à performance. Os membros do grupo, já espalhados pela sala, assumem e gritam para os presentes os nomes de suas personas, algumas inusitadas: Bob Esponja, Geisy Arruda, etc. Lentamente nos agrupamos, entoamos um "parabéns à você", nos alinhamos e, voltados aos espectadores, gritamos nossos nomes, ordenadamente. Quem por ventura rompe a ordem é censurado e a ordem, restabelecida, até que esbarramos em uma última pessoa, que permanece em silêncio e, mesmo com insistência, se recusa a dizer seu nome.

Com esse jogo pretendemos jogar, de modo livre, com o conceito de liminar/liminoide trazido no ensaio de Victor Turner. A manifestação individual livre, feita no escuro, e claramente dissociada daquilo que tomamos como "realidade", vez que ninguém é aquele personagem que afirma ser, carrega o traço dos fenômenos liminoides. Traz ainda em seu bojo confrontações do que vem a ser identidade, afinal no escuro qual a certeza que se tem que é uma brincadeira e não a mais pura realidade? Carrega, ainda, mais um traço próprio daquele fenômeno: cada qual assume criativamente uma identidade e ainda que todos estejam fazendo aquilo de modo coletivo o produto é mais caracteristicamente individual.

Seguimos com um "parabéns à você" cantado em uníssono, que expressou a ritualidade, com marcador fortemente coletivo, indicando também uma transição para um fenômeno liminar. Em vez de opção, a obrigação, e assim se impunha dizer seu nome, num tom forte e rápido, de modo ordeiro e pasteurizado, simbolizando os processos sociais totais. O ruído se dá pelo membro que se recusou a fazê-lo, paradoxalmente permanecendo silente, representando um forte marcador liminoide naquele fenômeno liminar.

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